EMPREENDER (NÃO) É PRECISO

Você já deve ter ouvido falar na expressão “ Navegar é preciso, viver não é preciso”, atribuída ao general romano Pompeu ( 106 – 48 a.C), porém imortalizada na poesia de Fernando Pessoa. Ela comporta duas interpretações: a de “necessitar”, ou seja, “ navegar é necessário, porém comporta outra interpretação de que navegar “ é mensurável”, “ tem precisão”, isto é, o ato de navegar é passível de controle, métrica, entretanto o mesmo não podemos dizer da vida, que não é, nesse sentido, nada precisa, exata.

Com essa analogia, afirmo “ Empreender NÃO é preciso”, pois não é “mensurável”, “exato, porém afirmo que “empreender é  preciso”, ou seja ,  “é necessário.” Todx aquelx que deseja obter resultados significativos precisa empreender na vida e na carreira.

O ato de empreender, porém, longe de ser algo cartesiano, como propõe um modelo racional de decisão, segue um modelo casual. A indiana Sarasvathy, idealizadora da teoria do Effectuation defende que o empreendedorismo é o resultado da ação  do ser humano em sua realidade transformando-a em novas possibilidades.

O modelo tradicional de empreendedorismo ensinado nas universidades e até em MBA tradicionais como o da FGV, o qual já fiz, propõe que o empreendedor faça um plano de negócios, estude cenário, analise planilhas de custos, taxa de retorno, ponto de equilíbrio e outras tantas variáveis que envolvem o ato de empreender. Ocorre que esse plano não garante êxito. Quando a empreendedora entra em campo, ela se depara com outros desafios que, mesmo que previstos, na prática não são tão fáceis de resolver.

Sarasvathy, então, passou a estudar e analisar o comportamento dos empreendedores e detectou uma característica comum a grande maioria deles. Normalmente aquele que tem o ânimo de empreender, analisa dentro de si quem ele é, o que gosta de fazer, o que ele sabe fazer, o que ele tem interesse de estudar e de se aprofundar para, depois, especular o que ele pode fazer para unir o útil ao agradável, ou seja, o que ele sabe fazer com o que lhe dê retorno financeiro.

A lógica é a seguinte: Maria adora cozinhar. Todos elogiam os pratos que Maria elabora, e os seus amigos começam a sugerir a Maria que ele monte um restaurante. Maria tem uma grande rede de relacionamento. Sabe como fazer e tem prazer em fazê-lo. Maria começa a observar qual dor ou problema ela pode solucionar unindo a sua habilidade à vontade de ganhar dinheiro. Nesse momento , ele se pergunta: por que não investir nisso e montar um empreendimento?

Nesse sentido, a professora indiana defende que o processo empreendedor segue um percurso criativo e, não somente, de descoberta e alocação de recursos. Após passar por essa fase, é natural que a empreendedora se pergunte: quem eu conheço que possa ajudar a concretizar essa minha ideia? Das competências de que preciso ter para desenvolver esse negócio, quem, da minha rede de relacionamento, detém esses saberes? Quem toparia investir nesse empreendimento?

É nessa fase que a COMUNICAÇÃO entre em jogo. Segundo o economista e cientista político austríaco Schumpeter, “empreendedor é aquele que tem habilidade de ver novas combinações, convencer outros a investirem no negócio e agir de acordo com um ponto de vista ao invés de ficar preso a cálculos racionais”. Os empreendedores, após acessar o meio pelo qual eles vão empreender, começam a buscar pessoas com o intuito de obter recursos para dar seguimento à escolha.

A competência da comunicação passa a ser crucial em todo o processo. Na construção do negócio, você deve construir um discurso persuasivo capaz de atrair pessoas igualmente interessadas para aderir ao projeto. Nessa fase, surgem as sociedades, as alianças, as parcerias. Depois que o negócio está montado e rodando, a comunicação se faz necessária para agregar as pessoas. 

Surge o desafio de se comunicar com os colaboradores, a equipe técnica e com os demais stakeholders. Falta clareza, objetividade, precisão, profissionalismo, empatia e tantos outros atributos que, infelizmente, a formação tradicional simplesmente ignora. É muito empreendedor com um discurso arrogante que não agrega.

A importância da comunicação continua principalmente no novo cenário pós pandêmico em que se exige, com mais intensidade, saber se comunicar estrategicamente nas redes sociais e por diferentes canais de comunicação (Whatsapp, e-mail, direct…). De nada adianta ter um produto ou um serviço maravilhoso e transformador, se não souber vende-lo, não souber ofertá-lo de maneira tal que desperte interesse nas pessoas. É o que digo sempre: “quem se comunica, se evidencia”.

Estimada Empreendedora, a comunicação deve ser uma competência a ser desenvolvida no antes e no transcurso do ato de empreender. Ainda que lhe falte os saberes técnicos, as teorias de empreendedorismo e as ferramentas de plano de negócio, não permita faltar a COMUNICAÇÃO. Ela será essencial em todo o processo.

Quem investe em COMUNICAÇÃO, investe em RELACIONAMENTO. A empreendedora deve ser, antes de tudo, um boa comunicadora, pois ela precisará comunicar os atributos e diferenciais de seu negócio, agregar o seu time para mantê-lo motivado e unido e se relacionar com os seus clientes, levando sentido para que eles façam adesão ao  empreendimento e se tornem um multiplicador espontâneo de seu negócio.

Venho desenvolvendo um trabalho junto a empreendedores e profissionais liberais dos mais diversos segmentos exatamente na área de COMUNICAÇÃO, seja através de cursos ou por meio de mentoria. Pelos resultados que vejo surgir diante de meus olhos e na vida de meus alunos e mentorados, posso garantir que é algo transformador. E esse saber impacta não apenas nos negócios e na carreira deles. É mudança em todos os âmbitos da vida. Afinal, o que seria de todos nós se não fosse a beleza e o encanto de nossos relacionamentos. São as pessoas que integram a nossa vida que trazem mais sentido a ela. Se quiser ter mais informações e saber qual caminho percorrer para isso, sugiro que siga meu perfil no Instagram – @evilacarrerapalestrante – e acompanhe o conteúdo que costumo compartilhar por lá. Aguardo por você, nobre empreendedora!

Évila Carrera

Advogada, professora, escritora, palestrante, especialista em Comunicação, idealizadora da Universidade da Oratória e ceo do Instituto Évila Carrera.

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